Tratamos começo, meio, fim e recomeço como algo inesperado, mas nada é mais constante na jornada humana.
Sempre que pensamos terminar alguma coisa, iniciamos outra.
Acredito não existir vácuo entre o término e o início.
No começo tudo se resume a motivação e expectativas.
Interagimos com o mundo e os seus atores com leveza e crença.
Então, começamos a questionar e a duvidar.
Chamamos a superação desses questionamentos e dúvidas de aprendizado.
Considero essa fase como sendo a mais incrível das nossas vidas.
Tudo se apresenta como novo e desafiador.
Planejamos e agimos pensando em benefícios futuros, que podem ou não acontecer.
Temos que acreditar que nossas expectativas se confirmarão.
É isso que nos provê a vontade e esperança para prosseguir.
No meio temos a possibilidade de reavaliar nossos objetivos, o que normalmente não fazemos.
Abraçamo-nos tão forte com nossas convicções que não conseguimos abandoná-las facilmente.
Seguimos na busca daquilo que acreditamos desejar.
No fim começamos a perceber que teremos que lidar com as nossas frustrações.
Não podemos ligar os pontos (erros e acertos) olhando para o futuro.
Só podemos fazê-lo vendo o passado.
Fazemos escolhas que não tem um resultado imediato, mas os seus efeitos se evidenciam depois.
Tão certo quanto isso é a resistência que temos ao menor sinal de mudança.
Resistimos porque é mais confortável permanecer onde estamos ao ter que trocar essa condição pela incerteza.
Se nos fosse dada a opção, é provável que tivéssemos escolhido ficar na segurança e conforto do útero materno a ter nascido.
Para nossa sorte opções assim não nos são oferecidas.
Por melhor que seja a vida uterina, ela tem limite de tempo definido, assim como na vida temos o seu limite - a morte.
Mesmo que nossa crença nos faça não temê-la, não queremos morrer.
Por toda vida procuraremos pela sensação de segurança.
Essa sensação gera certezas que podem nem de fato existir.
O recomeço é uma verdade evidente e negá-lo tem o mesmo efeito de ser contra a lei da gravidade.
Embora possamos fazê-lo, nada muda.
Vejo-o como oportunidade de evitar erros e cometer outros, de ter e repetir acertos e de novos aprendizados.
Penso que o recomeço seja como viajar numa estrada já conhecida por onde já passamos com pressa sem ter prestado atenção nas paisagens e sinalizações.
Por mais longa que pareça essa viagem, ela começa com o primeiro passo.
Enquanto ele não for dado, permanecemos no mesmo lugar.
Pessoalmente, concordo que no recomeço o peso de ser vitorioso é substituído pela leveza de ser novamente um iniciante.
Devemos apreciar melhor a paisagem e observar mais as sinalizações ao longo da estrada.
Pode ser que alguma paisagem nos interesse mais e ou ainda que alguma sinalização nos leve para outro destino...
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